Um estudo divulgado na quinta-feira, 1º de fevereiro de 2024, por pesquisadores da Universidade de Sussex e do Imperial College London descobriu que donos de animais de estimação que usam tratamento antipulgas em seus bichinhos correm o risco de contaminar suas mãos com pesticidas tóxicos por pelo menos 28 dias após a aplicação do tratamento. Pesticidas altamente tóxicos usados em produtos antipulgas acabam escorrendo pelos ralos domésticos quando os donos lavam as mãos. As águas residuais de estações de tratamento de esgoto são uma importante fonte de poluição por fipronil e imidacloprida em rios – com concentrações que excedem os limites de segurança para a vida selvagem.
Fipronil e imidacloprida são pesticidas altamente tóxicos que não são mais aprovados para uso na agricultura ao ar livre; a imidacloprida pertence ao notório grupo de pesticidas conhecidos como neonicotinoides. No entanto, esses produtos químicos continuam sendo amplamente utilizados em tratamentos contra pulgas em animais de estimação, normalmente aplicados na nuca do animal (conhecidos como spot-ons) uma vez por mês.
Esses dois produtos químicos são inseticidas neurotóxicos extremamente potentes e é profundamente preocupante que sejam encontrados rotineiramente nas mãos de donos de cães devido ao contato contínuo com seus bichinhos. Os donos de animais de estimação também ficarão chateados ao saber que estão poluindo acidentalmente nossos rios com o uso desses produtos.
Os pesquisadores coletaram amostras de 98 cães tratados com fipronil ou imidacloprida spot-on e avaliaram a contribuição da lavagem das mãos, do banho e da cama do cão pelos donos para o esgoto doméstico e a subsequente poluição das águas residuais. A pesquisa constatou que a remoção de pesticidas ocorreu em todas as três vias.
No entanto, constatou-se que a lavagem das mãos pelos donos é a maior fonte de emissões, com fipronil ou imidacloprida detectados em todos os testes com donos de animais de estimação por pelo menos 28 dias após a aplicação spot-on. As diretrizes atuais recomendam que os donos não toquem nos animais até que o local da aplicação esteja seco, mas esta pesquisa mostra que a poluição ocorre continuamente durante toda a duração da ação do produto.
Este estudo se baseia em pesquisas anteriores conduzidas por especialistas de Sussex, que descobriram que o fipronil foi detectado em 98% das amostras de água doce e o imidacloprido em 66%.
Os pesquisadores agora solicitam uma revisão das práticas regulatórias e de prescrição, visto que os produtos atuais contra pulgas de estimação não consideram a extensão da poluição do rio causada pela descarga de esgoto antes da aprovação regulatória. A pesquisa demonstrou que, mesmo quando as instruções do produto são seguidas, ainda são geradas emissões substanciais para o ambiente aquático.
A Associação Veterinária Britânica emitiu recentemente uma declaração de política recomendando que as empresas veterinárias evitem políticas gerais de tratamento de parasitas durante todo o ano e, em vez disso, capacitem os veterinários individuais a terem discussões informadas com seus clientes (BVA, 2021).
O professor Guy Woodward, do Imperial College London, diz:
Apesar de esses produtos químicos terem sido proibidos para uso agrícola ao ar livre por vários anos, ainda os encontramos em águas doces do Reino Unido em níveis que podem prejudicar a vida aquática. Este artigo mostra como tratamentos contra pulgas e carrapatos de animais domésticos, uma fonte de contaminação amplamente negligenciada, mas potencialmente significativa, podem estar poluindo nossos cursos d'água.
Martin Whitehead, diretor clínico da Chipping North Vets, também nos conta:
Este estudo demonstra conclusivamente que os tratamentos spot-on contra pulgas e carrapatos em cães são um dos principais contribuintes para a poluição comprovada dos rios do Reino Unido com fipronil e imidacloprida. De fato, quando se consideram outras vias de transmissão desses pesticidas de animais de estimação para cursos d'água, como cães nadando em rios, e também se considera a contribuição dos tratamentos spot-on para gatos, é provável que os tratamentos contra pulgas de animais de estimação sejam os principais contribuintes. Como grande parte do uso atual de ectoparasiticidas em cães e gatos é desnecessário, especialmente durante o inverno, a medicina veterinária precisa reconsiderar urgentemente sua abordagem para o controle preventivo de pulgas.
BBC Springwatch 2024: O Dr. Sean McCormack investiga o impacto ambiental dos tratamentos contra pulgas e carrapatos de animais de estimação em nossos ecossistemas de água doce, especialmente nas populações de invertebrados.
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